Depois do último aborto, decidimos fazer uma pesquisa mais profunda para eliminar as causas dessa perda. Resolvemos fazer uma pesquisa genética no embrião para verificar possíveis malformações. Foi feito o cariótipo e sim, era um menino.
E sim, havia alterações cromossômicas. O feto apresentava 47 cromossomos, era um 47XYY. Isso significa que era sim um menino, mas ele possuía uma síndrome, chamada Sindrome de Jacobs. Mas segundo o geneticista essa síndrome não impede a vida humana, o que nos leva a fazer mais exames. A suspeita: trombofilia.
De qualquer forma foi feito o cariótipo meu e do marido, para ver se algum de nós tem alguma alteração e eu fiz mais um monte de exames.
Hoje em dia, só nos meus melhores dias eu consigo assistir... Mas sempre gostei. Até que recentemente comecei a questionar algumas coisas:
- O número de cesáreas apresentadas no programa.
- 100% de partos hospitalares e 98% de intervencionistas.
- As desculpas mais absurdas e descaradas justificando as cesáreas.
- A falta de emoção e o modo qual o qual os obstetras falam com suas pacientes durante o parto.
- A passividade das parturientes.
Ou seja a realidade dos partos no Brasil. Dificilmente me emociono. Sério. Foram pouquíssimos episódios que derramei uma lagriminha. Não consigo entender como é que chegamos à esse ponto. Como deixamos essa realidade se tornar comum?
Assista a esse: são dois partos. Um natural, outro cesária. Mas mesmo no natural, eu realmente não gosto do modo com o qual a obstetra fala com a parturiente durante o trabalho de parto, é a médica que está mandando no parto. A justificativa da cesárea é bem questionável.
E esse, onde os dois são humanizados, o modo como o médico fala, a força, a participação. Dá para sentir! Veja a diferença.
Mas nada se compara com isso:
Mas muita gente me diz, que quando eu engravidar, depois de tanta dificuldade, eu não vou nem me importar com o método que meu futuro filho irá nascer. Será? Será que especialmente por causa disso, por eu ter tido tempo de sobra para ler, me informar e ter cada vez mais certeza do que é o melhor e não vou saber tomar as melhores decisões? Vamos ter que esperar um pouco mais para as cenas de capítulo tão esperado.
E depois de novamente exatos 37 dias é o começo de um novo ciclo. E não é que o nosso organismo é uma maquininha mesmo? Exatos 37 dias novamente.
Mas dessa vez, tomamos outra decisão. A de um break de verdade. Vamos voltar ao anticoncepcional. Isso porquê não queremos por mais nenhum bebezinho em risco. E até que tenhamos mais resultados, vamos dar um tempo.
Meu médico me passou um novo anticoncepcional voltado para quem tem endometriose e se chama Q-Laira. Disse que é a última tecnologia. E eu creio que seja.
E assim que começamos 2014. Estou buscando minha fé que se perdeu neste caminho. Reaprendendo o caminho de Deus.
Então fomos para longe, finalizar 2013 esperar melhores dias para 2014. Esquecer sei que não vou. Jamais.
E lá bem longe, eu vi o céu mais lindo da minha vida. Noite estrelada. Dias de céu do mais puro azul. E hora sim, hora não eles vinham à minha mente. Entre um sorriso e outro lá estavam eles de novo. Que mãe esquece?